
"It is an enigmatic love triangle riddled with madness and jealousy, set in fin-de-siecle Paris and Lisbon, and its translation reopens a rich vein of fantastic literature." Christopher Fowler in Time Out A decadent, enigmatic jewel of a novel which will delight readers of fin-de-siecle fiction. When in 1916, Mario de Sa-Carneiro committed suicide in Paris at the age of 26, he left behind him an extraordinary body of work, which dealt obsessively with the problems of identity, madness and solitude. Lucio's Confession is the first of his novels to be translated into English. A brilliant and remarkable short novel of great eroticism and enigmatic beauty Lucio's Confession is set in the fin de siecle artist circles of Paris and Lisbon. It deals with the friendship of two young Portuguese poets, Lucio and Ricardo de Loureiro, and their search for identity through love. When the bachelor Ricardo returns to Lisbon, to everyone's surprise he is accompanied by a wife. She, Marta, seems the perfect partner, and establishes an immediate rapport with his close friend Lucio on the latter's return from Paris. Soon they become lovers. Despite the passionate nature of their relationship, Lucio suspects that Marta is sharing her favours with Ricardo's other close friends. Something is not quite right. Where did this mysterious woman meet Ricardo, and, indeed who is she? Why does she never speak of her past and why is Ricardo conniving at her infidelity? Lucio's attempts to unravel this mystery have tragic and terrible consequences.
Author

Mário de Sá-Carneiro (Lisboa, 19 de Maio de 1890 — Paris, 26 de Abril de 1916) foi um poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu. Na fase inicial da sua obra, Mário de Sá-Carneiro revela influências de várias correntes literárias, como o decadentismo, o simbolismo, ou o saudosismo, então em franco declínio; posteriormente, por influência de Pessoa, viria a aderir a correntes de vanguarda, como o interseccionismo, o paulismo ou o futurismo. Nessas pôde exprimir com vontade a sua personalidade, sendo notórios a confusão dos sentidos, o delírio, quase a raiar a alucinação; ao mesmo tempo, revela um certo narcisismo e egolatria, ao procurar exprimir o seu inconsciente e a dispersão que sentia do seu «eu» no mundo – revelando a mais profunda incapacidade de se assumir como adulto consistente. O narcisismo, motivado certamente pelas carências emocionais (era órfão de mãe desde a mais terna puerícia), levou-o ao sentimento da solidão, do abandono e da frustração, traduzível numa poesia onde surge o retrato de um inútil e inapto. A crise de personalidade levá-lo-ia, mais tarde, a abraçar uma poesia onde se nota o frenesi de experiências sensórias, pervertendo e subvertendo a ordem lógica das coisas, demonstrando a sua incapacidade de viver aquilo que sonhava – sonhando por isso cada vez mais com a aniquilação do eu, o que acabaria por o conduzir, em última análise, ao seu suicídio. Embora não se afaste da metrificação tradicional (redondilhas, decassílabos, alexandrinos), torna-se singular a sua escrita pelos seus ataques à gramática, e pelos jogos de palavras. Se numa primeira fase se nota ainda esse estilo clássico, numa segunda, claramente niilista, a sua poesia fica impregnada de uma humanidade autêntica, triste e trágica. Por fim, as cartas que trocou com Pessoa, entre 1912 e o seu suicídio, são como que um autêntico diário onde se nota paralelamente o crescimento das suas frustrações interiores.