
Aracne
2004
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Após «Duende» (galardoado com o Prémio D. Diniz—Fundação Casa de Mateus 2002), António Franco Alexandre regressa à escrita com «Aracne» de onde retirámos este É muito bonito o meu amigo de agora; tem o mais belo pêlo da floresta, e olhos onde brilha, em noite escura, o faiscar do gelo nas alturas. Demora-se a falar ao telefone com a namorada, no vagar dos dias; diz-lhe tudo o que faz, e pensa, e sente, e ouve também, com ar inteligente, as divertidas vidas que ela conta. E há tantos episódios, desde o baile dos mosquitos, no verão passado, à recente soirée das sanguessugas, que se distrai, e lento se espreguiça ao sol, que lhe acentua as rugas. Então eu subo pelo pêlo, e fico a admirar tão sedosas harmonias; no sussurro sem fios, que mal entendo, colho o meu mel pequeno, e sou feliz. (p. 8)
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António Franco Alexandre
Author · 5 books
António Franco Alexandre nasceu em Viseu em 1944. Estudou Matemática em Toulouse, Harvard e Paris, onde também estudou filosofia. Em 1975, volta a Portugal e é convidado para leccionar Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa. Estreou-se como poeta na década de 60 mas foi sobretudo a partir da publicação de Sem Palavras nem Coisas (1974) que a sua obra se afirmou como uma das mais significativas da actual poesia portuguesa. António Franco Alexandre surpreende por uma ostensiva negação dos valores lógicos do discurso sendo largamente reconhecido pela sua linguagem inovadora. A. F. A., que na poesia portuguesa contemporânea não se sabe situar – "Não sei quem é a minha família, não sei se existe..." –, continua a tomar como influência maior os grandes textos bíblicos. Foi para os poder ler que esteve diversas vezes em Jerusalém a estudar hebraico. "É uma cultura que hoje quase desconhecemos...", diz ele. Outras obras: Distância (1969), Dos Jogos de Inverno( 1974), Cartucho (Ed. dos Autores, 1975, Obra Colectiva com J.M. Fernandes Jorge e Hélder Moura Pereira); Os Objectos Principais (Centelha, 1979), A Pequena Face (1983), Visitação (1983), As Moradas 1&2 (1987), Oásis (1992), Poemas (1996), Quatro Caprichos (1999; prémio APE de Poesia); Uma Fábula (2001), Duende (2002) e Aracne (2004). A Assírio & Alvim editou todos os livros excepto Cartuchos e Os Objectos Principais. Vale a pena ler todos.