
Carlos Drummond de Andrade publicou pouca prosa de ficcao, fora dos limites da Contos de aprendiz e este Contos plausiveis. Se no primeiro a matriz parecia ser as obras de Machado de Assis e Mario de Andrade, neste a pratica da cronica jornalistica, pela qual o autor ficou ainda mais conhecido pelo grande publico, constante em sua producao, fala mais alto. Publicados originalmente em 1981, numa pequena tiragem, os textos reunidos neste volume sao verdadeiros contos de bolso, como dizia o proprio Drummond. Sao historias breves, sinteticas, engracadas, leves e sempre inventivas. Entre o urbano e o interiorano, o moderno e o arcaico, Contos plausiveis mostra o incrivel prazer de Drummond em contar historias, em inventar causos, em embaralhar e desvendar suas tramas. Ha um tom meio anedotico em grande parte delas, revelando um narrador que parece pagar tributo a antiga e veneravel tradicao dos contadores de historias. Por que estas pequenas fabulas, anedotas, cronicas poeticas - e dificil denomina-las - sao chamadas de contos?, pergunta Noemi Jaffe no esclarecedor posfacio desta edicao. A resposta esta na medida do desejo do autor, ja que e ele que determina, aqui, a plausibilidade de tudo. Radicalizando ainda mais o proposto por Mario de Andrade, que dizia ser conto tudo aquilo que o autor chama de conto, Drummond chama tambem de plausivel tudo aquilo que quer - inclusive suas historias.
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