
A mulher vagueia no universo repressivo da casa. Poderia ser a mesma onde a avó fora morta pelo avô, ou de onde a mãe saíra, louca, para o hospital psiquiátrico. Ema é o nome de todas elas. Como o da antepassada tomada pelo terror após ter parido uma menina, sem dar ao homem com quem casara um filho varão. É esse espaço de violência que vai alimentando o ódio na paixão que a última das Emas tem pelo marido. Um ódio crescente que a impele, implacável, para a vingança, para o assassínio dele. Uma morte desfrutada, dir-se-ia gozada, por um olhar onde, apesar de tudo, a paixão perdura...
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Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa, a 20 de Maio de 1937. Frequentou a Faculdade de Letras da capital, tendo pertencido ao grupo de Poesia 61 e colaborado em diversos jornais e revistas. Foi dirigente do ABC Cine-Clube e militante activa nos movimentos de emancipação feminina. Estreou-se com o livro de poesia Espelho Inicial (1960). Dedicou-se igualmente à ficção, tendo publicado, entre outros títulos, Ambas as Mãos sobre o Corpo (1970). Em 1972 foi uma das autoras das polémicas Novas Cartas Portuguesas (com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno), obra que suscitou um processo judicial pela sua natureza transgressora em relação à tradição patriarcal dominante. Obras Espelho Inicial (1960) (Poesia) Tatuagem (1961) Cidadelas Submersas (1961) Verão Coincidente (1962) Amor Habitado (1963) Candelabro (1964) Jardim de Inverno (1966) Cronista Não é Recado (1967) Minha Senhora de Mim (1967) (poesia) Ambas as Mãos sobre o Corpo (1970) Novas Cartas Portuguesas (1971) (obra conjunta)) Ana (1974) Poesia Completa I e II(1983) Os Anjos (1983) O Transfer (1984) Ema (1984) Minha Mãe, Meu Amor (1984) Rosa Sangrenta (1987) Antologia Política (1994) A Paixão Segundo Constança H. (1994) O Destino (1997) A Mãe na Literatura Portuguesa (1999)