
«Flandia, o avesso desalinhavado de uma possibilidade hifanada. A discussão sobre o sexo dos anjos enquanto os portões cedem aos cavaleiros do Algoritmo.» Hífen. um texto que, sendo de uma grande diversidade, tem do princípio até ao fim uma grande unidade e uma grande coerência, por um lado, e uma grande força. Quer quando se fala do amor de uma mãe por uma filha, e aqui chega-se a sentir um estrangulamento na garganta, quer quando Ofélia se dirige ao marido morto, e aqui sentimo-nos identificados com aquele sentimento de saudade, quer quando se evoca a luta por um mundo melhor, quer quando se grita contra a injustiça e contra o absurdo de um mundo onde nos sentimos muito bem desde que abdiquemos do essencial, isto é, do sal da vida. E já no fim, quando a resignação e o suicídio se confrontam como os dois destinos possíveis, a solução encontrada me parece a melhor: mesmo que não lhe encontremos um sentido, a vida é sempre a melhor solução.
Author

Cresceu em Lisboa, Macau, Utrecht, Helsínquia. Trabalha em teatro, dança e cinema. Quase sempre nos bastidores. Vive entre Paço de Arcos e Antuérpia. Tem 34 anos. Publicou "Operação Cardume Rosa"; "Se Não Bigo Não Digo" (ambos na Fenda); "Odília ou a história das musas confusas do cérebro de Patrícia Portela" (Caminho) e "Escudos Humanos" (Culturgest). Fez o curso de realização Plástica do Espectáculo e esteve no Teatro da Garagem, O Olho e Projecto Teatral. Escreveu diversas peças, como one spoke, one smoked, one died; Operação Cardume Rosa; T5; Banquete ou a Trilogia Flatland. Recebeu os prémios ACARTE/Madalena Azeredo Perdigão; Revelação de teatro pela Associação de Críticos de Teatro Portugueses e Navegadores Portugueses 94 de BD, pelo CNC.