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Léah e Outras Histórias book cover
Léah e Outras Histórias
1958
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« Vieram os eléctricos e durante muitos meses os pavimentos ficaram revolvidos. Era o progresso, a civilização à porta. Ainda me lembro da tardinha calmosa em que passou o primeiro [4/5/1911?], com a bandeirola a dizer «Experiência», vagaroso, tacteando os carris novos, cheio de pessoal, até parecia uma gaiola de estorninhos. Foi um acontecimento. O comércio animou-se. Houve quem desse palmas! Os pinocas do bairro aprenderam a subir e a descer com o carro em alguns estampavam-se. As meninas caseiras punham-se à janela para ver quem subia e quem descia. As criadas vinham com um banquinho, para que as patroas de saia travadinha pudessem trepar ao estribo, duma altura vertiginosa. Nesse tempo ainda havia lugar nos electricos, seu Apoliná e «carros do povo» e carros do Chora a fazer concorrência!» _____ José Rodrigues Miguéis, «Saudades para a Dona Genciana», in Léah e Outras Histórias, Círculo de Leitores, [s.l.], [1971], pp. 192-193.

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Author

José Rodrigues Miguéis
José Rodrigues Miguéis
Author · 2 books
JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS nasceu em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1901. Formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa (1924) e foi um dos fundadores da revista Seara Nova (1922). Advogou, foi professor do ensino secundário, presidente da Segunda Liga da Mocidade Republicana e co-director do jornal O Globo. Licenciou-se em Ciências Pedagógicas na Universidade de Bruxelas (1933) e fixou residência nos EUA (1935) como redactor-associado da Reader’s Digest e, posteriormente professor universitário. Escreveu contos, romances, novelas e peças de teatro. Apesar de quase toda a sua produção ter sido escrita longe da pátria (o que explica a preferência por temas do exílio e da emigração), mantém o humorismo magoado, a simpatia humana e o lirismo tipicamente portugueses. São suas obras principais: Páscoa Feliz (1932, Prémio Casa da Imprensa), Onde a Noite Se Acaba (1946), Saudades para Dona Genciana (1956), Léah e Outras Histórias (1958, Prémio Camilo Castelo Branco), A Escola do Paraíso (1960), a peça de teatro O Passageiro do Expresso (1960), Gente da Terceira Classe (1962), É Proibido Apontar (1964) e O Milagre Segundo Salomé (1975). Foi condecorado pela Presidência da República com o Grande-Oficialato da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1979. Faleceu a 27 de Outubro de 1980, em New York.
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