
A versão de Mário Cláudio, a Medeia clássica aparece numa versão suavizada, a viver no século XXI. O texto apresenta-se sob a forma de um monólogo em nove, quadros e um epílogo. A intenção do Autor é direccionada para a exploração das águas obscuras em que se movimentam as emoções mais primária, associadas às pulsões contraditórias e a-racionais de um amor obsessivo, marcado pelo inconformismo vingativo da protagonista, face à rejeição do amante. Partindo do rancor da protagonista emerge todo um caldeirão de venenos emotivos de onde se destaca o ciúme e a inveja, assim como os mais refinados actos de maldade que daí decorrem e tecem o drama. A peça é construída de acordo com a vontade do Autor em proceder a uma adaptação aos tempos modernos de uma tragédia intemporal que exprime o lado mais destrutivo da natureza humana .
Author

Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1941. Frequentou o curso de Direito em Lisboa, tendo-o terminado na Universidade de Coimbra. Frequentou a Universidade de Londres, graduando-se como Master of Arts. De regresso a Portugal, tem exercido funções como técnico do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário. Ganhou o prémio APE de Romance e Novela em 1984 com a obra 'Amadeo'. É considerado um dos mais importantes autores portugueses das últimas décadas. Embora se tenha dedicado à poesia, ao teatro e ao ensaio, é no romance que Mário Cláudio mais se tem destacado. Em 2004 foi agraciado com o Prémio Fernando Pessoa. Criou um heterónimo, o poeta Tiago Veiga, hipotético bisneto de Camilo, de quem publicou em 2011 uma extensa biografia. Vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2014, com a obra 'Retrato de Rapaz'. Grande Prémio de Romance e Novela, da APE, em 2019.