
O Cais das Merendas
By Lídia Jorge
1982
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Publicado em 1982, O Cais das Merendas, segundo romance de Lídia Jorge, desenvolve-se em torno dos temas da identidade e da aculturação. Trata-se de uma narrativa poética, teatralizada, em que as personagens rurais, confrontadas com o mundo exterior, dão testemunho da sua intimidade, seus medos e desejos mais fundos. Neste caso, a acção desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um pólo central, o Hotel Alguergue. Ocupado durante a época alta por turistas de várias nacionalidades, o hotel fica completamente despovoado durante os meses de Inverno. É então que os naturais da zona, esquecidos dos seus hábitos, precisam de se embriagarem para voltarem a usar a sua língua materna, e recitarem em voz alta as histórias tradicionais do seu país. Figuras como Rosarinho, pai Patroços, Miss Laura ou Sebastião Guerreiro, que vemos desfilar durante esses parties interpretam a hesitação de uma comunidade dividida entre o desejo de se modernizar e de manter o que de si mesma entende por próprio e genuíno. O Cais das Merendas apresenta-se como uma espécie de anti-epopeia colectiva, sugestão dada inclusive pela divisão em dez capítulos. O último parágrafo do livro poderá servir de emblema a esta espécie de saga portuguesa sobre o esquecimento de si.
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Author

Lídia Jorge
Author · 18 books
LÍDIA GUERREIRO JORGE nasceu em Boliqueime, Loulé a 18 de Junho de 1946. Concluído o curso de Filologia Românica, dedicou-se ao ensino liceal (Angola, Moçambique e Lisboa). Publicou os romances O Dia dos Prodígios (1980, Prémio Ricardo Malheiros), O Cais das Merendas (1982, Prémio Literário Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984, Prémio Literário Município de Lisboa), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (Prémio Bordalo, 1995), O Vale da Paixão (Prémio D. Dinis, 1998), O Vento Assobiando nas Grutas (2002, Grande Prémio do Romance e Novela da APE/DGLB), Combateremos a Sombra (2005, Prémio Charles Bisset) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011); os livros de contos A Instrumentalina (1992), Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004) e Praça de Londres (2005); a peça de teatro A Maçon (1993) e o ensaio Contrato Sentimental (2009). Os seus romances são constituídos por vários planos narrativos, onde o fantástico coexiste com o real, e os problemas sociais colectivos são postos em relevo através de figuras humanas com dimensão metafórica e mítica. Foi condecorada, pela Presidência da República, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2005.