
"Será que é possível escrever um conto de terror quando a realidade parece um conto de terror?", é o que pergunta a narradora de Carola Saavedra em um dos vinte textos reunidos nesta coletânea de histórias sombrias. Uma mulher acha um dedo na praia. Um homem em situação de rua agoniza na calçada. Uma menina tem certeza de que sua mãe foi trocada por outra. Um herdeiro escravocrata enlouquece com espíritos do passado. Uma criança brinca com a amiga sem saber que já morreu. Essas são algumas das inquietantes histórias contidas nesta coletânea organizada por Fabiane Secches e Socorro Acioli para levar o debate sobre terror latino-americano a um novo patamar. São textos que causam medo, angústia, repulsa ou assombro, e têm como único ponto comum o fato de terem sido escritos por mulheres. Ao reunir contos de vinte autoras brasileiras de diferentes regiões do país, familiarizadas ou não com a literatura do gênero, O dia escuro tenta responder à "O que nos aterroriza hoje?". Contos Amara Moira, Ana Rüsche, Andréa del Fuego, Carola Saavedra, Cidinha da Silva, Dia Nobre, Eliana Alves Cruz, Fabiane Guimarães, Flavia Stefani, Jarid Arraes, Laís Romero, Lygia Fagundes Telles, Marcela Dantés, Maria Valéria Rezende, Mariana Salomão Carrara, Micheliny Verunschk, Natalia Borges Polesso, Natércia Pontes, Socorro Acioli, Trudruá Dorrico.
Authors



Cidinha da Silva - nasceu em Belo Horizonte, em 1967, onde se graduou em História, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Transferiu-se em seguida para São Paulo, com brilhante atuação no GELEDÉS - Instituto da Mulher Negra, organização não-governamental que chegou a presidir. A escritora possui forte engajamento com a causa negra e com questões ligadas às relações de gênero. Suas publicações encontram-se, assim, alinhadas a tais temáticas, no intuito de promover maior espaço de reflexão sobre as identidades tidas como subalternas. Em fevereiro de 2005, fundou o Instituto Kuanza, que tem por objetivos desenvolver projetos e ações nos campos da educação, ações afirmativas, pesquisa, comunicação, juventude e articulação comunitária. Todos encontram-se vinculados à discussão sobre as assimetrias racial e de gênero e subsidiam a formulação de políticas públicas nessas áreas. Como dirigente cultural, concebeu e executou projetos inovadores como o "Geração XXI", em inéditas parcerias com empresas e organizações não-governamentais. Nessa linha, atuou também como gestora de cultura na Fundação Cultural Palmares, onde se destacou pela organização da publicação Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil (2014). Sua estreia na Literatura Afro-brasileira se dá com a coletânea em prosa Cada Tridente em seu lugar, publicado em 2006 e reeditado no ano seguinte. A obra foi pré-selecionada pela Fundação Biblioteca Nacional para integrar o projeto de expansão de bibliotecas públicas por cidades do interior do Brasil. E as narrativas “Domingas e a Cunhada”, “Pessoas trans” e “Angu à baiana”, presentes no livro, tiveram os direitos de filmagem adquiridos pela produtora Lúmen Vídeos, de Vitória, Espírito Santo. Composto em sua maioria de textos curtos, Cada Tridente em seu lugar explicita o permanente diálogo com a realidade contemporânea e, no plano formal, o contínuo entrelaçamento da crônica com o conto. Desde então, foram nada menos que onze títulos publicados entre 2006 e 2016, abarcando crônicas, poemas e narrativas infantojuvenis. Já o volume Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor!, lançado em 2008, confirma sua atuação na literatura relacionada à alteridade e inclui escritos voltados para o universo da homoafetividade. No prefácio do volume Sobre-viventes (2016), a pesquisadora e poeta Lívia Natália afirma: "vi-me muitas vezes retratada em situações e personagens. Vi minha mãe, minha avó vivendo nas páginas de Cidinha da Silva como as negras ali representadas com uma dignidade belíssima. Andei com estes textos entre fatos que todos nós, brancos ou negros, vivemos em nossa travessia racial pelo mundo, já que nossa roupa, por excelência, é a nossa pele que, como texto que é, fala logo e antes de nossa boca." (NATÁLIA, 2016, P. 12). Cidinha da Silva é autora ainda das peças teatrais Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas, encenada pelo grupo "Os Crespos" em 2013, e Os coloridos, também encenada pelo grupo em 2015. Além das obras referidas, autora tem presença constante nas redes sociais e na imprensa alternativa publicada na internet. É editora da Fanpage cidinhadasilvaescritora e colunista dos portais Forum, Geledés e Diário do Centro do Mundo.


Jornalista por formação, Eliana Alves S. Cruz nasceu no Rio de Janeiro, onde atua como chefe do Departamento de Imprensa da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos, sendo também vice-presidente do Comitê de Mídia da Federação Internacional de Natação – FINA. Nesse campo de trabalho, visitou dezenas de países e participou de três Olimpíadas, vinte Campeonatos Mundiais e inúmeros eventos nacionais ligados ao esporte aquático, sendo também responsável pelo site www.blacksportclub.com.br, voltado para o resgate da presença negra no esporte. Como escritora, vem se destacando na ficção, inicialmente com o romance Água de barrela, fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Em 2015, o livro foi contemplado em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares, que o publicou no ano seguinte. E uma nova edição já se encontra disponível pela Malê Editora. Para a antropóloga Ana Maria da Costa Souza, A profundidade dos personagens e a verossimilhança das situações por eles vividas são os pontos chave deste romance baseado em 3 séculos de história real de uma família negra no Brasil. Não há como não ser tocado por emoções intensas diante de muitos momentos do texto. A força da narrativa reside, precisamente, na riqueza de detalhes que conferem densidade e vigor à história. Em 2016, integrou a edição 39 da série Cadernos Negros, com poemas de sua autoria. E, no ano seguinte, contribuiu com dois contos para a 40ª edição dos Cadernos, entre eles a narrativa de ficção científica intitulada “Oitenta e oito”. Neste mesmo ano, participou também da premiada antologia Novos poetas. Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, seu mais novo romance – O crime do cais do Valongo – figura como romance histórico e policial, com uma instigante narrativa que se inicia em Moçambique e chega até o Rio de Janeiro. A influência que a autora teve para escrever sobre o Valongo, foi a descoberta dos objetos encontrados em escavações recentes. Entre o período de 1811 a 1831 muitos escravos chegaram ao Brasil por esse cais, todos os artefatos despertaram a criatividade da autora, possibilitando assim o começo da escrita do seu livro, que é feito de inúmeras memorias dos ancestrais que foram escravizados e mortos no cais, - diz autora em entrevista a Médium Books(https://medium.com/blooks/entrevista-...-). A mensagem que a autora deixa para os seus leitores em entrevista a Médium Books é “Brasil, se olhe no espelho, enxergue quem você realmente é se ame. A história e o conhecimento do povo negro são tesouros riquíssimos que precisam ser descobertos e aproveitados por toda a nação”. Assim é possível observar o resgate da memória e a preservação da identidade cultural negra almejado pela escritora. Eliana Alves Cruz é também autora do blog www.flordacor.blogspot.com com textos voltados para a apreciação do trabalho de mulheres negras brasileiras em diversos campos de atuação.

Olá! Muito prazer :) Adoro ler ficção científica, fantasia, poesia, dá para deduzir por minhas estantes. Sou escritora, meu último trabalho é "A desconexão telepática e seus abalos sísmicos" publicado na revista seriada Mafagafo #2.2 e a novela Do Amor: o dia em que Rimbaud decidiu vender armas, edição caprichadíssima pela Editora Quelônio (2018). Ainda em prosa, publiquei o romance "Acordados" (2007). Publiquei também 4 livros de poesia - meu primogênito recebeu tradução e publicação no México, Rasgada; o segundo foi republicado recentemente pela Editora Patuá, Sarabanda, o terceiro, Nós que adoramos um documentário recebeu o apoio do Proac, Gov. do Estado de São Paulo; o quarto eu mesma publiquei e fiz uma grande festa, o Furiosa, que também recebeu uma edição novayorkina. Meu doutorado na FFLCH-USP foi a respeito de dois livros que você talvez conheça: The Handmaid's Tale de Margaret Atwood e The left hand of darkness de Ursula Le Guin. Obrigada pela visita! Se quiser, mantenho uma newsletter que envio uma vez ao mês: assine a cartinha

Lygia Fagundes Telles (born April 19, 1923) is a Brazilian novelist and short-story writer. She was born in São Paulo and is one of Brazil's most important living writers. Her first book of short stories, Praia Viva (Living Beach), was published in 1944. In 1949 got the Afonso Arinos award for her short stories book O Cacto Vermelho (Red Cactus). Among her most successful books are Ciranda de Pedra (The Marble Dance) (1954), Verão no Aquário (1963), Antes do Baile Verde (1970), Seminário dos Ratos (1977) and As Horas Nuas, (1989). The book Antes do Baile Verde won the Best Foreign Women Writers Grand Prix in Cannes (France) in 1969. Her most famous novel is As Meninas (The Girl in the Photograph), which tells the story of three young women in the early 1970s, a hard time in the political history of Brazil due to the repression by the military dictatorship. In 2005 she won the Camões Prize, the greatest literary award in the Portuguese language.[1] She is one of the three female members of the Brazilian Academy of Letters. From Wikipedia

Andréa del Fuego é natural de São Paulo, Brasil, onde nasceu no ano de 1975. Trabalhou em publicidade, fez produção de cinema e realizou duas curtas-metragens. Colaborando em várias revistas, inicia-se na escrita com Minto enquanto Posso (2004). Uma primeira coletânea de contos seguida por Nego tudo (2005), Engano Seu (2007) e Nego Fogo (2009). Em paralelo experimenta o juvenil com Quase Caio (2008) e Sociedade da Caveira de Cristal (2008), e o registo infantil com Irmãs de Pelúcia (2010), estando também incluída em diversas antologias de contos. Com Os Malaquias (Brasil 2010/Portugal 2011), foi finalista do Prémio São Paulo de Literatura e do Prémio Jabuti, na categoria romance, e vencedora do Prémio Literário José Saramago, tudo em 2011.

Maria Valéria Rezende nasceu em 1942, em Santos (SP), onde morou até os 18 anos. Em 1965 entrou para a Congregação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho. Sempre se dedicou à educação popular, primeiro na periferia de São Paulo e, a partir de 1972, no Nordeste. Viveu no meio rural de Pernambuco e da Paraíba e, desde 1986, mora em João Pessoa. Já esteve em Angola, Cuba, França e Timor, entre outros países, convidada a falar sobre seus projetos sociais. Maria Valéria estreou na ficção em 2001, com o livro de contos Vasto mundo. Depois, escreveu livros infanto-juvenis e o elogiado romance O Voo da guará vermelha. A autora, que costura referências das culturas erudita e popular, “é uma revelação em nossas letras”, como disse Frei Betto. A experiência de Maria Valéria com a dor do analfabetismo e também com a educação de jovens e adultos foi o mote para O voo da guará vermelho. “Uma personagem se apaixona por aprender a ler e a outra descobre um sentido para sua vida, ensinando”. A autora constrói no livro o encontro de Irene, uma nordestina que vira prostituta em São Paulo, com Rosálio, um servente pedreiro. Dona de uma escrita inventiva e conhecedora da realidade de “Rosálios” e “Irenes”, Maria Valéria fez uma obra poética e forte, que dispensa trivialidades. Nos contos de Vasto mundo, seu primeiro livro, Maria Valéria apresenta “causos” do povo nordestino, em que trata de amores e dores, da geografia local e da crença fácil no que transcende o explicável. A autora também escreve para crianças e jovens, tanto poemas quanto histórias ficcionais, em que aborda temas como o medo, a lealdade e as relações sociais, sempre com humor e criatividade.


Micheliny Verunschk é uma escritora, crítica literária e historiadora brasileira. É Mestre em Literatura e Crítica Literária e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo. É autora de livros de contos, poesias e romances, incluindo Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida (Patuá, 2014), ganhador do prêmio São Paulo de Literatura, e O som do rugido da onça (Companhia das Letras, 2021), que conquistou o Jabuti de melhor romance literário e o terceiro lugar do prêmio Oceanos.




