
A faina dos mares. Assim lhe chamava o regime. Quando em 1934 arranca a Campanha do Bacalhau, Salazar afirmava uma intenção económica e política. Trinta e três anos depois, decretado o fim da regulação pública do sector, também Salazar se começa a afastar do poder. Definido o campo de estudo, a Campanha do Bacalhau, o surgir e o fim, Álvaro Garrido acaba por traçar um perfil do regime e da teia de interesses que dominavam o país. A aparente especificidade do estudo toca assim as áreas da economia, sociedade, política e propaganda. Incontornável a figura do Almirante Tenreiro, O Estado Novo e Campanha do Bacalhau organiza-se em cinco pontos-chave. O clima de instabilidade e crise de abastecimentos; as razões para a reorganização do sector das pescas; a arquitectura institucional e ideológica criada; a expressão material da campanha do bacalhau; as razões do fim dessa mesma campanha. Subjacente a todo o livro subsiste uma porque investiu Salazar na reabilitação desta indústria? A resposta toca razões económicas, sociais e políticas. Não por acaso se cria em torno da partida dos bacalhoeiros todo um ritual de exaltação. Para além da bênção, afirmava-se, por exemplo, o pescador como herdeiro dos grandes navegadores. Resultado de uma tese de doutoramento em Estruturas Sociais de Economia e História Económica, o autor parte de um caso específico a servir de “observatório” de todo o regime. Um trabalho de investigação a contribuir para a compreensão da nossa história mais recente.
Author

ÁLVARO GARRIDO nasceu em Beduído, Estarreja, em 1968. É licenciado em História e Mestre em História Contemporânea de Portugal pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e doutorou-se em Economia (na especialidade de Estruturas Sociais da Economia e História Económica) na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde lecciona desde 1995 e, actualmente, é Professor Catedrático e Director dessa instituição. É investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20-FL/UC), investigador colaborador do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL) e consultor do Museu Marítimo de Ílhavo, do qual foi director. A sua área de estudos incide nas instituições do corporativismo salazarista e na história marítima e das pescas. Os seus últimos livros intitulam-se Henrique Tenreiro: uma Biografia Política (Círculo de Leitores/Temas & Debates, 2009); O Estado Novo e a Campanha do Bacalhau (Círculo de Leitores/Temas & Debates, 2010); Cooperação e solidariedade: uma história da economia social (Tinta-da-China, 2016), Queremos uma economia nova! (Círculo de Leitores/Temas & Debates, 2016) e As pescas em Portugal (FFMS, 2018). É ainda coordenador da colecção Novos Mares da Âncora Editora, uma colecção de estudos e ensaios de temas marítimos. É autor de dois documentários de longa-metragem produzidos pela RTP.