
No verão de 1958, enquanto visitava tranqüilamente o Museu Histórico e Geográfico de Filadélfia, um cidadão chamado Hilário avistou um púcaro búlgaro. Espantadíssimo, embarcou – ao lado de Pernacchio, Radamés, Expedito e Ivo Que Viu a Uva – numa jornada à Bulgária, a fim de comprovar a (in)existência desse país. “Do que se passou e sobretudo do que não se passou nessa expedição já famosa é o relato que se vai ler em seguida”, explica o narrador, “o mais pormenorizado e o mais honesto possível, embora tenha sido reduzido ao mínimo para que pudesse caber num só volume e mesmo num só século – o que afinal se conseguiu.” O Púcaro Búlgaro é um romance surrealista e o último livro de Campos de Carvalho, lançado em 1964. Pode ser tomado como a síntese de sua obra absolutamente original e idiossincrática. O livro possui 110 páginas. A narrativa é um exercício – e também uma aula – de humor e escrita, com doses de surrealismo e um texto formado por relatos que beiram a esquizofrenia e parecem não levar a lugar nenhum, mas acabam por formar uma obra “fluente em sua descontinuidade”.
Author

Walter Campos de Carvalho (Uberaba, 1º de novembro de 1916 — São Paulo, 10 de abril de 1998), foi um escritor cujos trabalhos são singulares na literatura brasileira. Em 1938 formou-se em direito, tendo se aposentado como procurador do estado de São Paulo, onde viveu em companhia da esposa Lygia Rosa de Carvalho. Sua vida sempre esteve ligada à literatura, tendo publicado inicialmente Banda forra (ensaios humorísticos), em 1941, e Tribo (romance), em 1954. Mais tarde, escreveu os romances A Lua vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz Sutil (1961), A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro Búlgaro (1964), hoje considerados verdadeiros marcos da literatura brasileira. A Lua vem da Ásia e A Chuva Imóvel chegaram a ser traduzidos para o francês. Campos de Carvalho, como ficou conhecido no meio literário, também colaborou com O Pasquim e trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, no período de 1968 a 1978.