
Que país é este? É a pergunta que surge da leitura das situações absurdas e cômicas que as crônicas de Lima Barreto apresentam. A resposta se encontra em nossa própria realidade. Em Os Bruzundangas, o mestre da paródia e da sátira na literatura brasileira simula uma viagem a um país imaginário. Através dele, faz um bem-humorado retrato das mazelas do Brasil no início do século. Os Bruzundangas são uma coletânea de crônicas publicadas na imprensa por Lima Barreto. Revelam seu humor refinado e sintonia com a nossa realidade. O autor é um mestre da ironia, recurso que se adapta perfeitamente a um projeto literário fundamentado na denúncia dos problemas brasileiros. Este é o compromisso presente em toda a obra do escritor, cuja linguagem simples foge ao preciosismo retórico. Lima Barreto (1881-1922) é um dos maiores escritores do Pré-Modernismo brasileiro.
Author

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos sete anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador. Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa. Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918. Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez. Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos. Sua principal obra foi Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos desta personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.