
Sabem, crianças, quando eu tinha a vossa idade, gostava muito de números, mas não podia imaginar que iria usar seis deles no meu braço durante toda a minha vida. É desta forma que Primo Levi começa a sua visita à escola primária Felice Rignon, que tinha frequentado quando criança. e revisitada na ficção da história: ele regressa lá, chamado pela professora, para contar a sua própria história. Primo Levi, o autor de Se Isto é um Homem, Primo Levi, nasceu em Turim em 1919, membro duma família judia, licenciou-se em química, mas é na literatura que encontra forma de falar sobre a sua experiência num campo nazi entre 26 de Fevereiro de 1944 e até 27 de Janeiro de 1945. Em 1943, juntou-se à resistência como nos conta Francisco Louçã no prefácio deste livro: Primo Levi, que se tinha juntado a um grupo de guerrilheiros no Val d’Aosta, mal preparados e algo ingénuos, foi preso ao fim de poucos meses e enviado num desses comboios para Auschwitz. A sua prima Vanda, que o convencera a tornar-se partigiano, foi enviada para o campo de Birkenau, onde foi das últimas mulheres a ser assassinada. E ele viveu onze meses no campo de memória mais sinistra, até à chegada das tropas soviéticas. Também Frediano Sessi, numa entrevista a Francesco Mannoni nos fala de Levi como resistente: “partigiano não violento que usava a palavra para convencer quem não concordasse consigo.