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2016 marca 40 anos do fim da icónica Visão, uma revista improvável num país com graves problemas económicos mas que se apresentava nas bancas com ar luxuoso, cores ácidas e brilhantes, temáticas políticas e libertárias. Quisemos comemorar esta publicação que fez uma ruptura com a BD tradicional portuguesa mas sobretudo recuperar um conjunto de BDs esquecidas dos anos 70 cheias de frescura, rebeldia e prazer criativo, vindas de outras experiências editoriais como Evaristo, O Estripador ou &etc. Contem com António Pilar, Bruno Scoriels, Carlos Barradas, Carlos "Zíngaro", Fernando Relvas, Gracinda, Isabel Lobinho, J.L. Duarte, João Manuel Barroso, Nuno Amorim, Paralta & Zé Baganha, Pedro Massano, Pedro Potier, Tito, Zé Paulo (1937-2008), Zepe e ainda António Pinho, Carlos Soares, Jorge Lima Barreto (1949-2011) e Mário-Henrique Leiria (1923-1980) para muita BD psicadélica, urbana, cósmica, mórbida, erótica, pessimista, ácida, crítica, tão ying & yang tal como foi a década de 70 neste país periférico
Authors

Jornalista, editor, ilustrador, autor, crítico e divulgador de banda desenhada, Manuel Pedro Dias Massano Santos nasceu a 15 de Agosto de 1948, em Lisboa, tendo vivido durante alguns anos nos Açores (São Miguel), onde fez quase toda a escola primária. De regresso a Lisboa, concluiu a 4.ª classe e frequentou o Colégio Militar. Frequentou o curso de Arquitectura na ESBAL (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa), durante os anos 70, em simultâneo com trabalhos de banda desenhada, caricatura e ilustração, para jornais como Musicalíssimo, Observador, Volante e República. A sua primeira banda desenhada publicada foi "BZZZ", que apareceu no suplemento Mosca, no Diário de Lisboa, em 1972, assinando então como Mané (de resto, a assinatura nos seus trabalhos teve outras cambiantes, como Pedro ou Manuel Pedro). Esteve associado ao aparecimento da célebre e efémera revista Visão (1975-1976), inteiramente dedicada à banda desenhada e que pelas novas abordagens narrativas e gráficas marcou fortemente uma ruptura entre os autores e leitores de BD no nosso país, numa aventura que durou 12 números. O seu primeiro álbum editado foi A Primeira Aventura no País de João, segundo textos de Maria Alberta Menéres, em 1977, pela Comissão Organizadora do Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, com a impressionante tiragem de 500 mil exemplares, provavelmente uma tiragem sem paralelo no nosso país. Seguiu-se o longo ciclo de O Abutre, uma série de breves tiras com um humor muito negro, publicada em sete álbuns editados ao longo da década de 80, pela Europress. Nesta mesma editora foram lançados os álbuns A Lei do Trabuco e do Punhal: Mataram-no Duas Vezes e A Missão H...orrível. Uma aventura da minhoca Tropicalda, ambos em 1987, com a particularidade de o primeiro ter tido também publicação no Diário de Notícias desse mesmo ano. Em 1997 viu finalmente editado o primeiro volume de A Conquista de Lisboa, pelo Montepio Geral, que fez uma tiragem destinada à oferta aos seus associados e clientes, episódio que também foi publicado na revista Montepio Juvenil, entre 1997-1999. O segundo volume, "Por Vontade de Deus" saiu em 2002, sob a chancela da Booktree. Mantendo o tónico na História de Portugal, Pedro Massano, juntamente com o argumentista Patrick Lizé, um francês que vive em Portugal, desenvolveu o primeiro título da mini-série Le Deuil Impossible (que se pode traduzir por O Luto Impossível), Le Chevalier du Christ, editado em 2001 pela Glénat.

JORGE LIMA BARRETO nasceu em 26 de Dezembro de 1949, em Vinhais. Licenciado em História de Arte (1973), foi professor assistente de Estética e Ciências Humanas, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1974-78) e doutorado em Musicologia e Teoria da Comunicação, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1995). Tem escrito textos para apresentação de livros, discos, festivais, exposições e instalações, e colabora desde 1967 nas principais publicações periódicas portuguesas. Fundou a Anar Band (1972), a Associação de Música Conceptual (1973) e, com Vítor Rua, Telectu (1982). Actuou em música experimental, free, electroacústica livre, interarte e intermédia. Realizou concertos na Alemanha, Roménia, Brasil, Cuba, França, Peru, Espanha, Suíça, China, EUA, URSS, Áustria. Fez conferências em Paris, Cuzco, Macau, São Paulo, Rio de Janeiro, Beijing, Havana, Bucareste, Barcelona, Madrid, Moscovo. Na rádio apresentou os programas Musonautas (1982-1995) e Ondajazz (1989). Participou também em várias edições culturais. Como músico, tocou e gravou com Elliot Sharp, Chris Cutler, Jac Berrocal, Louis Sclavis, Jean Sarbib, Paul Lytton, Evan Parker, Ikue Mori, Paul Rutherford, Giancarlo Schiaffini, Carlos Zíngaro, Tim Hodgkinson, Eddie Prévost, Sunny Murray, entre outros. Publicou as seguintes obras: Revolução do Jazz (1972), Jazz-Off (1973), Grande Música Negra (1974), Rock Trip (1974), Musicónimos (1977), Rock & Droga (1982), Droga de Rock! (1984), Música Minimal Repetitiva (1990), Nova Música Viva (1993), JazzArte (1994), O Siamês Telefax Stradivarius (1995), Música e Mass Media (1996), Musa Lusa (1997), b-boy (1998) e Zapp (2000). Faleceu em Lisboa, a 9 de Julho de 2011.
Fernando Relvas, nasceu em Lisboa a 20 de Setembro de 1954, e começou a publicar os primeiros trabalhos aos 20 anos, em meados da década de 1970. Somou colaborações em várias publicações da imprensa portuguesa, nomeadamente as revistas Fungagá da Bicharada, Tintin e Mundo de Aventuras, o semanário Se7e, a revista Sábado e o Diário de Notícias. Algumas das histórias e pranchas publicadas na imprensa foram depois reunidas em álbum, como "Karlos Starkiller", "Çufo", "Em Desgraça", "As Aventuras do Pirilau: o Nosso Primo em Bruxelas" e "L123 – seguido de Cevadilha Speed". Mais recentemente, saiu o álbum "Sangue Violeta e Outros Contos", que reúne as histórias "Sangue Violeta", "Taxi Driver" e "Sabina", publicadas no Se7e, premiado como clássico da Nona Arte no Festival de BD da Amadora. Faleceu a 21 de novembro de 2017.