
Publicado em 2013 com grande sucesso—a edição esgotou em poucos dias—este livro foi unanimemente considerado pela crítica como o livro do ano. Dele escreveu Luís Miguel Queirós, dizendo que desde logo aquilo que impressiona o leitor «[…] é a assustadora criatividade de que Herberto dá provas aos 80 anos, mas não é menos notável que estes seus últimos livros, com tudo o que trazem de novo, e por vezes até de exuberantemente novo, nem por isso deixem de manter com a sua obra anterior uma coerência sem falhas.». Rosa Maria Martelo disse que «Nestes tempos de descalabro social e político, haver um novo livro de Herberto Helder é um rompimento que apetece celebrar. E que impressiona por muitas razões—desde logo pela coragem de olhar a morte.». O semanário Expresso descreveu «Servidões» como um «livro de uma beleza convulsa, atravessado por explosões de energia visceral. É poesia "em estado de milagre", escrita pelo maior poeta português vivo.» «como se atira o dardo com o corpo todo, com a eternidade em não mais que nada, e depois a abolição do tempo, e então o que respira no corpo passa à vara, e o que respira na vara passa depois à ponta, tu não, tu já respiraste tudo pelo dardo fora, mudo e cego e surdo, e és um só ponto do alvo onde respiras todo, e tudo respira nesse ponto, em ti, veia da terra, oh sangue sensível»
Author

Herberto Helder was born into a family of Jewish ancestry in the Portuguese Atlantic island of Madeira. In 1946 he traveled to Lisbon to complete his secondary studies and subsequently in 1948 moved to Coimbra to study Law at university. In 1949 he had changed to the Humanities University to study Romance Philology but dropped out after three years without completing the course. After returning to Lisbon he took up several temporal jobs, and got in contact with a circle of artists and writers such as Mário Cesariny, Luiz Pacheco, João Vieira and Hélder Macedo, known as the "café gelo" group . This group revolved around Surrealism which would inform his early writings. In 1958 his first book, O Amor em Visita, was published. In the following years he traveled and lived in France, Holland and Belgium taking menial and marginal jobs to survive. He returned to Portugal in 1960 and published some of his best books in the following years A Colher na Boca, Poemacto e Lugar, Os Passos em Volta and A máquina de emaranhar paisagens. In 1964 he participates in the organization of Experimental Poetry magazine. After the April Revolution he published Cobra, O Corpo, O Luxo, A Obra, Photomaton and Vox. The singularity of his poetry goes along with the personality of the poet: nowadays he abandoned public life, refusing prizes or interviews.