Terra Fria é um dos romances onde [Ferreira de Castro] aplica o fruto das suas longas observações, traçando-nos um retrato da vida do povo do nordeste transmontano, evidenciando o sofrimento, a luta quotidiana e o modo de vida quase medieval que se fazia sentir nos início dos anos 30 do século passado. [...] Hoje em dia, 80 anos depois, esse cenário desapareceu ou poucos vestígios existem, pelo que é nas páginas de Terra Fria que descobrimos esse passado o que faz deste livro uma espécie de romance histórico. Aldeia de Padornelos, Montalegre. Leonardo luta dia a dia pelo sustento da sua família. Ele a mulher, ainda sem filhos, procura em trabalhos esporádicos e principalmente no contrabando, ganhar algum dinheiro enquanto sonha em se estabelecer por conta própria com uma venda. É neste contexto que Ferreira de Castro nos descreve a actividade do contrabando, tão em voga nessa altura. Mas o autor vai mais longe. Volta a Padornelos um homem que havia estado emigrado nos Estados Unidos e, como era apanágio, fica conhecido pelo «americano». Depressa dá mostras da sua riqueza que o leva a ser considerado um dos homens mais importantes e influentes da aldeia e é ele que dá origem ao drama que irá assolar a aldeia. É um romance que nos faz sentir uma constante solidão. Somos assaltados por imagens de uma terra desoladora, fria, onde a pobreza é a única condição conhecida e onde o rico julga ter todo o poder sobre o pobre. Ferreira de Castro para além de evidenciar a pobreza do Portugal profundo, nesse caso em Trás-os-Monte, lança aqui uma crítica feroz ao abuso de poder do regime caracterizado no «americano» e na sua forma de agir. http://nlivros.blogspot.pt/2011/03/te... edição, 47.º milhar