
Um espectro ronda a comunidade acadêmica ocidental, o espectro do sujeito cartesiano. Desconstrucionistas e habermasianos, cognitivistas e heideggerianos, feministas e obscurantistas (pós-)marxistas convergem em sua hostilidade contra ele. Seguramente uma das principais obras do filósofo esloveno Slavoj Žižek, O sujeito incômodo identifica o denominador comum de todas essas diferentes tendências do pensamento contemporâneo e lança a provocação: por trás do cogito ergo sum [penso, logo existo], o próprio sujeito cartesiano guarda o grau zero radical da política emancipatória, um núcleo subversivo capaz de fornecer um ponto de apoio indispensável para um novo projeto de esquerda. A partir de um intenso acerto de contas com a tradição anti-cartesiana, o filósofo esloveno desenvolve uma confrontação detalhada com algumas concepções contemporâneas do sujeito: a tentativa heideggeriana de superar a subjetividade, as elaborações pós-althusserianas da subjetividade política (Ernesto Laclau, Etienne Balibar, Jacques Rancière e Alain Badiou), a teoria da formação de gênero de Judith Butler, e a concepção da sociedade do risco e da segunda modernidade (Anthony Giddens e Ulrich Beck). Apesar do teor rigorosamente filosófico, recheado da astúcia e do humor afiado žižekianos, esse livro é fundamentalmente uma apaixonada intervenção política que procura enfrentar a urgente questão da reformulação de um projeto de esquerda em uma era pautada pelo capitalismo global e seu suplemento ideológico, o multiculturalismo hegemônico das democracias liberais.
Author

Slavoj Žižek is a Slovene sociologist, philosopher, and cultural critic. He was born in Ljubljana, Slovenia (then part of SFR Yugoslavia). He received a Doctor of Arts in Philosophy from the University of Ljubljana and studied psychoanalysis at the University of Paris VIII with Jacques-Alain Miller and François Regnault. In 1990 he was a candidate with the party Liberal Democracy of Slovenia for Presidency of the Republic of Slovenia (an auxiliary institution, abolished in 1992). Since 2005, Žižek has been a member of the Slovenian Academy of Sciences and Arts. Žižek is well known for his use of the works of 20th century French psychoanalyst Jacques Lacan in a new reading of popular culture. He writes on many topics including the Iraq War, fundamentalism, capitalism, tolerance, political correctness, globalization, subjectivity, human rights, Lenin, myth, cyberspace, postmodernism, multiculturalism, post-marxism, David Lynch, and Alfred Hitchcock. In an interview with the Spanish newspaper El País he jokingly described himself as an "orthodox Lacanian Stalinist". In an interview with Amy Goodman on Democracy Now! he described himself as a "Marxist" and a "Communist."