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A República Portuguesa ainda não tinha completado quatro anos, quando o herdeiro do trono austro-húngaro, Francisco Fernando, e a sua mulher, a duquesa de Hohenberg, foram assassinados por Gravrilo Princip, em Sarajevo, a 28 Junho de 1914. A notícia da eclosão da guerra na Europa chegou ao Parlamento português, pela voz do Presidente do Ministério Bernardino Machado, a 7 de Agosto. No verão de 1914, quando a guerra na Europa teve início, o exército português tinha apenas três períodos de treino, encontrando-se em plena reorganização e, como tal, mais orientado para a defesa interna do que para qualquer tipo de intervenção na Europa ou em África. O volume que agora se edita, analisa e interpreta os debates que ocorreram no Parlamento português, entre agosto de 1914, data da eclosão da Grande Guerra na Europa, e 1921, ano em que se realizou a cerimónia de transladação para o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, dos corpos de dois soldados desconhecidos portugueses, mortos em África e na Flandres. Ficam de fora desta análise dezenas de debates relativos à temática das reparações de guerra e à participação de Portugal na Conferência da Paz, discussões que pela sua importância, especificidade e recorte cronológico, necessitariam, por si só, de um único volume. O livro mostra-nos um país dividido relativamente à sua posição na intervenção na guerra na Europa e descreve-nos, de forma detalhada, as dificuldades económicas e financeiras sentidas pela República, tanto a nível interno corno externo, durante os anos da conflagração. Analisa em detalhe o papel dos políticos e dos diplomatas, homens de cuja decisão dependeu a intervenção de Portugal na Guerra, criticando a respetiva capacidade de gerir, tanto os impactos da Guerra no país, como as tensões que caracterizaram, ao longo de toda a conjuntura bélica, as relações entre os diferentes agrupamentos políticos e o Estado republicano. Foram cerca de 62 os parlamentares que, entre 1914 e 1918, combateram na Grande Guerra, na Europa, em África e no Atlântico. Entre estes deputados, alguns sofreram ferimentos graves, como Velhinho Correia ou José Afonso Pala, gravemente ferido em África e que viria a morrer, em 1915, na sequência desses ferimentos, e o primeiro-tenente José Botelho de Carvalho Araújo, eleito deputado em 1911 e grande defensor da intervenção de Portugal na Grande Guerra, morto em combate, no Atlântico, a 14 de outubro de 1918.
Authors

MARIA FERNANDA FERNANDES GARCIA ROLLO nasceu em Leopoldville, Congo, a 16 de Junho de 1965. Licenciada em História – variante em História da Arte (1987); mestre em História dos Séculos XIX e XX – Secção de História do Século XX (1993); doutorada (2005) e agregada (2010) em História Económica e Social Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é Professora Catedrática do Departamento de História. Coordena o História, Território, Comunidades (HTC), pólo na NOVA FCSH do Centro de Ecologia Funcional. Foi Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do XXI Governo Constitucional entre 26 de Novembro de 2015 e 17 de Outubro de 2018. Foi investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL), de que foi vice-presidente (2006-2012) e presidente (2012-2015), investigadora colaboradora do CEIS20-UC, membro do Conselho Consultivo do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas da Fundação Calouste Gulbenkian, Secretária do Conselho de Centros de Investigação em Ciências Sociais e Humanas da FCSH/UNL, Académica Correspondente da Academia Portuguesa da História, membro da Rede Portuguesa de História Ambiental, da Network for Studies on Corporatism and the Organized Interests (NETCOR), da Associação Portuguesa de História Económica e Social, do Conselho Científico da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial e da Sociedade Internacional para os Estudos da Primeira Guerra Mundial e editora da secção regional para a secção de Portugal em online International Encyclopedia of the 1st World War. Foi ainda vogal executiva da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (2008-2011), coordenadora da Escola Doutoral Pedro Hispano e membro fundador da Associação Portuguesa de História das Relações Internacionais (APHRI). Foi galardoada com o Dibner Award da Society for the History of Technology (2003) e foi condecorada, pela Presidência da República, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, em 2011. Tem como áreas de investigação a história de Portugal no século XX, a participação de Portugal nos movimentos de cooperação económica europeia, a história económica, da engenharia e da inovação. Tem coordenado inúmeros projectos de investigação no campo da história económica, da ciência, da engenharia e da inovação onde se destacam: Engenho e Obra. História da Engenharia em Portugal no Século XX (2001-2004); História e Património do Grupo PT (2003-2008); História do Instituto Camões: Da Junta de Educação Nacional ao Instituto Camões (2007-2009). Alguns dos principais textos publicados: diversos artigos de Portugal da Monarquia para a República, vol. XI (coord. A.H. de Oliveira Marques), Nova História de Portugal (dir. Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques) (1991); Portugal e o Plano Marshall. Da Rejeição à Solicitação da Ajuda Financeira Norte-americana, 1947-1952 (1994); Um Metro e Uma Cidade. História do Metropolitano de Lisboa (1999); Engenho e Obra. Uma abordagem à História da Engenharia em Portugal no Século XX (co-coord., 2002); Momentos da Inovação e Engenharia em Portugal no Século XX (co-coord., 2004); Memórias da Siderurgia. Contribuições para a História da Indústria Siderúrgica em Portugal (coord., 2005); Marconi em Lisboa. Portugal na Rede Mundial de TSF (co-autoria, 2007); Portugal e a Reconstrução Económica do Pós‑Guerra (2007), História da Primeira República Portuguesa (coord., 2010), Dicionário de História da I República e do Republicanismo (coord., 3 vols., 2013-2014), Manuel de Brito Camacho: um intelectual republicano no Parlamento (em co-autoria, 2015), A Grande Guerra no Parlamento (em co-autoria, 2019) e Os Constituintes: percursos biográficos e intervenções parlamentares (1975-1976) (coord., 2021).

ANA PAULA SOARES PIRES nasceu em Lisboa, a 20 de Fevereiro de 1977. Licenciada em História (2000); mestre em História dos séculos XIX e XX - secção do século XX (2004) e doutorada em História Económica e Social Contemporânea (2010), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada: Portugal e a I Guerra Mundial. A República e a Economia de Guerra (1914-1919). Actualmente, é Professora Auxiliar com Agregação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores. Foi investigadora integrada e vogal da direcção do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL), onde coordenou o grupo Economia, Sociedade, Património e Inovação, e co-comissária da exposição Viajar. Viajantes e Turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República, promovida pela CNCCR com o apoio do Turismo de Portugal. É editora de 1914-1918-online. International Encyclopedia of the First World War, projecto coordenado pela Freie Universitat, de Berlim e vogal da direcção da Sociedade Portuguesa de Estudos de História de Construção, desde 2018. Venceu o prémio da Associação Portuguesa de História Económica e Social de 2005 para a melhor dissertação de Mestrado em História Económica e Social defendida em universidades portuguesas e o Prémio de História Alberto Sampaio de 2006.