Margins
2006
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Como acontece com tantos filhos de pais excepcionais, também Sancho I (1154-1211) foi “maltratado” pela historiografia, que o relegou, sem qualquer piedade, para um estatuto de rei apagado, de perfil muito menos brilhante que seu pai, o fundador da pátria. Essa visão redutora não faz justiça ao monarca que parece resvelar-se quando se estuda a sua documentação tentando libertá-lo de juízos apriorísticos. Com efeito, o segundo rei de Portugal contribuiu de forma decisiva para a consolidação do território que seu pai tanto se esforçara por alargar. A partir do momento em que se encontrou a sós no poder, começou a delinear uma redefinição dos moldes de estruturação e domínio do reino, protagonizando um reinado interventivo e belicoso, onde se destacam a importância dos serviços de chancelaria na ordenação jurídica do reino, a itinerância régia, a concessão de forais e o desempenho de funções judiciais e guerreiras pelo monarca, como elementos constitutivos de um renovado sentido de realeza, que se vê a si própria como uma entidade jurídica superior e ordenadora dos restantes corpos sociais, onde a figura do monarca é muito mais visível que anteriormente. As catástrofes naturais, as fomes e as pestes que assolaram os anos centrais do seu reinado, aliadas a uma endémica luta contra certos sectores da nobreza e do clero, não lhe facilitariam, a nível interno, a prossecução da tarefa que se propusera, e que, a nível externo, um imparável império almóada, e as eternas guerras contra Leão e Castela, também haviam de dificultar. A guerra civil que assolou o final do seu reinado, e a doença que o perturbou profundamente durante os últimos meses da sua existência, concluem com um toque acrescido de dramatismo uma vida que parece sempre ter sido pautada pelas dificuldades e contratempos, mas ainda assim vivida com muita intensidade e teimosia, de uma forma quase extremada. Atravessada por questões de soberania e momentos de lazer, pazes e campanhas bélicas, vida de corte e conflitos, sucessos e insucessos, esta foi uma característica vida de monarca peninsular da viragem do século XII. Este livro é sobre a história desse homem, e sobre a época em que viveu.

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Maria João Violante Branco
Maria João Violante Branco
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MARIA JOÃO VIOLANTE BRANCO nasceu em Lisboa, a 2 de Fevereiro de 1961. Licenciou-se em História pela Universidade Livre (1983), e concluiu o seu Mestrado em História Medieval na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1990) e doutorou-se na mesma área (2000), na Universidade Aberta, com a tese Poder real e eclesiásticos: a evolução do conceito de soberania régia e a sua relação com a praxis política de Sancho I e Afonso II. É actualmente, desde Agosto de 2011, professora auxiliar de História Medieval na FCSH/UNL. Anteriomente, entre 1991 e 2011, foi docente, na mesma área, da Universidade Aberta. De 2001 a 2003 esteve na Universidade de Oxford, como directora do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões, Supernumerary Fellow do St. John's College e docente (lecturer & tutor) do Departamento de História dessa Universidade. Regressada à Universidade Aberta nesse ano, montou e co-coordenou o Mestrado em Estudos Medievais sobre o Poder e leccionou unidades curriculares e seminários de 1º e 2º ciclo nessa mesma universidade. Foi directora do Departamento de Ciências Humanas e Sociais dessa Universidade entre 2006 e 2008. As suas áreas de investigação pessoal são a construção do poder real e as elites eclesiásticas ligadas ao poder político, as relações entre o Papado e Portugal até meados do século XIII, a criação de identidades e processos de institucionalização de poderes e a influência que as redes clientelares dos círculos próximos dos monarcas, especialmente as dos eclesiásticos, desempenharam nesse processo. É académica correspondente da Academia Portuguesa da História, membro da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais, da qual é vogal fiscal, e foi membro fundador. Pertence ainda, como membro integrado, ao Instituto de Estudos Medievais, da FCSH da Universidade Nova, do qual é presidente, desde Maio de 2016, e ao Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, onde é membro colaborador desde 2010, tendo sido, até essa data, membro Integrado do CEHR. Coordenou, entre 2015 e 2019, o projecto Testemunho, Memória e Identidade: os Annales Portugalenses Veteres e a construção da mais antiga tradição historiográfica do território portucalense, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Entre as suas publicações contam-se D. Sancho I, o Filho do Fundador (Lisboa: Círculo de Leitores, 2006) e os artigos ”The Nobility of Medieval Portugal (XI-XIV centuries): A General Overview,” in Anne Duggan (ed.), Nobles and Nobility in Medieval Europe. Concepts, Origins, Transformations (London: Boydell and Brewer, 2000) e ”The King’s Councellors’ Two Faces: A Portuguese Perspective,”in Peter Linehan and Janet Nelson (eds.), The Medieval World (London and New York: Routledge, 2001).

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