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Manuel de Brito Camacho
um intelectual republicano no Parlamento
2015
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Manuel de Brito Camacho foi um dos protagonistas mais destacados e relevantes da década inicial da I República Portuguesa, liderando, até 1919, um dos três primeiros partidos do republicanismo constitucional – a União Republicana. O texto que agora se publica mostra o perfil de um intelectual civicamente interveniente e revela as diferentes facetas do político e do parlamentar – o sobrevivente de diversas conjunturas – que ao longo de quase duas décadas animou debates e abrilhantou, quase diariamente, sessões na Câmara dos Deputados. Uma das questões que mais preocupou Brito Camacho foi a do desenvolvimento nacional, que compreendia em três dimensões: moral, material e política. A entrada no Parlamento, o exercício de funções como deputado foram encarados, desde logo, como uma oportunidade para compreender e analisar detalhadamente os principais problemas que afetavam a sociedade portuguesa. Do ponto de vista do regime, Brito Camacho defendia uma república inspirada nas conceções defendidas por Léon Gambetta: um regime presidido por um chefe de Estado eleito e com um parlamento respeitado, em que burguesia e república se conciliassem sem alienar direitos, nem simpatias. A proclamação da República não lhe atenuou o ímpeto e muito menos serviu para diminuir o tom crítico das suas intervenções que, de resto, continuaram, quanto ao essencial, a não perder de vista um conjunto de princípios fundamentais, nomeadamente a necessidade do regime se apoiar em partidos políticos conscientes dos seus deveres e das suas responsabilidades, defendendo sem peias que a República não podia ser a Monarquia com outro nome. Brito Camacho foi um intelectual que viveu para além do seu tempo. O seu legado, memória e herança, permanecem inscritos na história de Portugal do século XX. Eterno perseguidor da modernidade, foi um defensor acérrimo da reforma da cultura e das mentalidades portuguesas e apologista da difusão do conhecimento e do saber científico, entendendo-o como base do progresso económico e social e sustentáculo de qualquer regime político. Foi essa modernidade e esse desejo de mudança que procurou até ao fim da vida, denunciando e interpretando criticamente as principais debilidades que condicionavam a sociedade portuguesa na transição do século XIX para o século XX e, em boa medida o seu atraso económico. Viveu muitos anos no Chiado, numa casa situada na rua da Assunção; alimentava-se do bulício das ruas, respirava a mundanidade cultural que enchia os cafés da Baixa e passava o final da tarde à conversa com os amigos na Farmácia Durão, propriedade de António Ferreira, que chegou a ser administrador de A Luta, discutia ideias e, algumas vezes, conspirava... Cem anos passados sobre a implantação do regime republicano, importa compreender, identificar, perceber, enquadrar e estudar estes «geradores» de pensamento moderno: médicos, engenheiros, políticos, intelectuais, cientistas e doutrinadores que procuravam um rumo novo, buscando um caminho que, para muitos, o ideário republicano soubera enunciar. Brito Camacho foi um desses desbravadores.

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Authors

Maria Fernanda Rollo
Maria Fernanda Rollo
Author · 4 books

MARIA FERNANDA FERNANDES GARCIA ROLLO nasceu em Leopoldville, Congo, a 16 de Junho de 1965. Licenciada em História – variante em História da Arte (1987); mestre em História dos Séculos XIX e XX – Secção de História do Século XX (1993); doutorada (2005) e agregada (2010) em História Económica e Social Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é Professora Catedrática do Departamento de História. Coordena o História, Território, Comunidades (HTC), pólo na NOVA FCSH do Centro de Ecologia Funcional. Foi Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do XXI Governo Constitucional entre 26 de Novembro de 2015 e 17 de Outubro de 2018. Foi investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL), de que foi vice-presidente (2006-2012) e presidente (2012-2015), investigadora colaboradora do CEIS20-UC, membro do Conselho Consultivo do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas da Fundação Calouste Gulbenkian, Secretária do Conselho de Centros de Investigação em Ciências Sociais e Humanas da FCSH/UNL, Académica Correspondente da Academia Portuguesa da História, membro da Rede Portuguesa de História Ambiental, da Network for Studies on Corporatism and the Organized Interests (NETCOR), da Associação Portuguesa de História Económica e Social, do Conselho Científico da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial e da Sociedade Internacional para os Estudos da Primeira Guerra Mundial e editora da secção regional para a secção de Portugal em online International Encyclopedia of the 1st World War. Foi ainda vogal executiva da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (2008-2011), coordenadora da Escola Doutoral Pedro Hispano e membro fundador da Associação Portuguesa de História das Relações Internacionais (APHRI). Foi galardoada com o Dibner Award da Society for the History of Technology (2003) e foi condecorada, pela Presidência da República, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, em 2011. Tem como áreas de investigação a história de Portugal no século XX, a participação de Portugal nos movimentos de cooperação económica europeia, a história económica, da engenharia e da inovação. Tem coordenado inúmeros projectos de investigação no campo da história económica, da ciência, da engenharia e da inovação onde se destacam: Engenho e Obra. História da Engenharia em Portugal no Século XX (2001-2004); História e Património do Grupo PT (2003-2008); História do Instituto Camões: Da Junta de Educação Nacional ao Instituto Camões (2007-2009). Alguns dos principais textos publicados: diversos artigos de Portugal da Monarquia para a República, vol. XI (coord. A.H. de Oliveira Marques), Nova História de Portugal (dir. Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques) (1991); Portugal e o Plano Marshall. Da Rejeição à Solicitação da Ajuda Financeira Norte-americana, 1947-1952 (1994); Um Metro e Uma Cidade. História do Metropolitano de Lisboa (1999); Engenho e Obra. Uma abordagem à História da Engenharia em Portugal no Século XX (co-coord., 2002); Momentos da Inovação e Engenharia em Portugal no Século XX (co-coord., 2004); Memórias da Siderurgia. Contribuições para a História da Indústria Siderúrgica em Portugal (coord., 2005); Marconi em Lisboa. Portugal na Rede Mundial de TSF (co-autoria, 2007); Portugal e a Reconstrução Económica do Pós‑Guerra (2007), História da Primeira República Portuguesa (coord., 2010), Dicionário de História da I República e do Republicanismo (coord., 3 vols., 2013-2014), Manuel de Brito Camacho: um intelectual republicano no Parlamento (em co-autoria, 2015), A Grande Guerra no Parlamento (em co-autoria, 2019) e Os Constituintes: percursos biográficos e intervenções parlamentares (1975-1976) (coord., 2021).

Ana Paula Pires
Ana Paula Pires
Author · 4 books

ANA PAULA SOARES PIRES nasceu em Lisboa, a 20 de Fevereiro de 1977. Licenciada em História (2000); mestre em História dos séculos XIX e XX - secção do século XX (2004) e doutorada em História Económica e Social Contemporânea (2010), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese intitulada: Portugal e a I Guerra Mundial. A República e a Economia de Guerra (1914-1919). Actualmente, é Professora Auxiliar com Agregação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade dos Açores. Foi investigadora integrada e vogal da direcção do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL), onde coordenou o grupo Economia, Sociedade, Património e Inovação, e co-comissária da exposição Viajar. Viajantes e Turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República, promovida pela CNCCR com o apoio do Turismo de Portugal. É editora de 1914-1918-online. International Encyclopedia of the First World War, projecto coordenado pela Freie Universitat, de Berlim e vogal da direcção da Sociedade Portuguesa de Estudos de História de Construção, desde 2018. Venceu o prémio da Associação Portuguesa de História Económica e Social de 2005 para a melhor dissertação de Mestrado em História Económica e Social defendida em universidades portuguesas e o Prémio de História Alberto Sampaio de 2006.

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