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"O Trabalho, Uma Visão de Mercado" faz uma abordagem alargada da organização das relações laborais em Portugal. No topo encontra-se a sua segmentação, que raciona as oportunidades de emprego de forma ineficiente. A emergência dos contratos a prazo, como forma quase exclusiva de entrada no mercado, e a baixa taxa de conversão desses contratos em relações laborais duradouras, promove o desinvestimento em formação e educação. Esta é uma das principais fontes de desigualdade em Portugal e a principal razão para o sentimento de falta de proteção dos trabalhadores portugueses. Em Portugal leva-se demasiado tempo a voltar ao emprego. As características estruturais do desemprego são muito preocupantes. O desemprego é um período de investimento, mas pode tornar-se um pesadelo se o desemprego for de longa duração. A duração do desemprego cria estigmas associados ao afastamento do mercado de trabalho, que levam a períodos de desemprego cada vez mais longos. A reduzida oferta de qualificações no mercado de trabalho é responsável por parte das dificuldades estruturais da economia portuguesa, que se traduzem em baixa produtividade e fraco crescimento potencial. As baixas qualificações limitam, também, as oportunidades dos trabalhadores no mercado de trabalho e estão na génese de uma das maiores desigualdades salariais na Europa. A razão de ser da divergência da economia portuguesa é a má qualidade das nossas instituições. A sua transformação passa pela simplificação contratual, pela criação de um quadro correto de incentivos para os investimentos das empresas e dos trabalhadores. Este ensaio mostra um caminho possível. Com o mercado como parceiro.
Author

MÁRIO CENTENO nasceu em Olhão, em 1966. É doutorado em Economia na Harvard University, EUA, 1995-2000, Mestre em Economia na Harvard University, E.U.A., 1998, Mestre em Matemática Aplicada no ISEG-UTL, 1993 e licenciado em Economia pelo ISEG-UTL, 1990. É Professor Catedrático do ISEG da Universidade de Lisboa e, desde Junho de 2020, Governador do Banco de Portugal. Foi Presidente do Eurogrupo (2018-2020), Ministro das Finanças dos XXI e XII Governos Constitucionais (2015-2020); Diretor-Adjunto do Departamento de Estudos Económicos, Banco de Portugal (2004-2013) e Presidente do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento das Estatísticas Macroeconómicas, no Conselho Superior de Estatística (2007-2013). Foi também membro ao Comité de Política Económica da Comissão Europeia (2004-2013) e da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais (2006-2007). É Membro do Editorial Board do Portuguese Economic Journal, desde 2001. Foi Membro do Executive Committee da European Association of Labor Economists, 2003-2005 No âmbito das suas áreas de interesse de investigação - Economia do Trabalho, Econometria, Microeconomia, Teoria dos Contratos – é autor e co-autor de inúmeras publicações científicas, livros e capítulos de livros.