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Embora não tendo existido na Idade Média o conceito de «vida privada» tal como hoje o entendemos, esta época histórica conheceu passas significativos na afirmação do indivíduo e da sue esfera pessoal. Na distinção entre os espaços públicos e os privados, na identificação de cada pessoa, na sue inserção familiar, nas celebrações festivas religiosas ou profanas, nos registos da memória de vivos e de mortos, na própria alimentação em todos os campos se detectam indícios de uma lenta mas progressiva emergência do «privado». Também nas representações da criança e da mulher, dos 'marginais', da sexualidade, da saúde e da doença, bem como as relações com o Além e com o sagrado, foi ganhando relevo o indivíduo como membro das comunidades em que se inseria como pessoa singular. É desta processo que trata este primeiro volume da «História da Vida Privada em Portugal», sublinhando a dicotomia estruturante na mundivivência da Cristandade medieva sobre a separação entre o «corpo» e a «alma».
Authors



LEONTINA VENTURA é professora associada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e membro do Centro de História da Sociedade e Cultura. Doutorou-se em 1993 com uma tese intitulada A Nobreza de Corte de Afonso III, premiada pela Confédération Internacionale de Généalogie et d’Héraldique Scientifiques. Desde então a sua atividade de investigação tem-se concentrado no estudo da nobreza e das aristocracias locais. Entre os trabalhos publicados, contam-se vários estudos sobre famílias da nobreza ou das aristocracias locais, nomeadamente sobre os Aboim/Portel, os Briteiros (co-autoria), os Portocarreiros e os Rabaldes. Colaborou na Nova História de Portugal (dir. Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques), vol. 3, Lisboa, 1996; em As comunicações na Idade Média, coord. de Maria Helena da Cruz Coelho, Lisboa, 2002; no Inventário do Museu Nacional de Machado de Castro. Colecção de ourivesaria medieval, séculos XII-XV, Lisboa, 2003. O seu último trabalho é a biografia de D. Afonso III, recentemente publicada pelo Círculo de Leitores (2006). Tem-se dedicado também à história da Coimbra medieval e à publicação de fontes, merecendo destaque o Livro Preto da Sé de Coimbra (1978-1980) e o Livro Santo de Santa Cruz (1990).


MARIA HELENA DA CRUZ COELHO nasceu no Porto, a 15 de Maio de 1948. Licenciada (1971) e doutorada (1983) em História, é Professora Catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Actualmente é professora na Universidade Autónoma, na qual dirige o Centro de Investigação em Ciências Históricas, membro da Associação Portuguesa de História Económica e Social, de que foi membro da direcção (1987-1991); académica correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia de Marinha e da Real Academia de la Historia; académica de número da Academia Portuguesa da História; Presidente do Conselho Directivo da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais e membro do conselho editorial da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Foi Directora da Revista Portuguesa de História, entre 2003 e 2017. Foi agraciada, em 2011, pelo Presidente da República, com o Grande-Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique. A sua investigação, divulgada em mais de trezentas e cinquenta reuniões científicas no país e no estrangeiro, e em mais de duzentos artigos e obras, incide sobre as mais diversas temáticas do período medieval, com destaque para a história religiosa, institucional, económico-social, o mundo rural e o poder local. Recebeu o Prémio Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian, sete prémios da Academia Portuguesa da História e a medalha de mérito, Grau Ouro, da Câmara Municipal de Arouca.

ANA MARIA TAVARES DA SILVA RODRIGUES DE OLIVEIRA nasceu a 2 de Junho de 1953. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1980), tendo realizado o Mestrado em História Medieval (1997) e o doutoramento em História Cultural e das Mentalidades Medievais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2007). Tem desenvolvido estudos nas áreas da mulher e da criança e participado em vários congressos e seminários. É co-autora de manuais escolares para o ensino da História, investigadora-integrada do Instituto de Estudos Medievais (IEM-FCSH/UNL). Entre outros trabalhos, publicou: «Mulheres e fronteira na cronística medieval dionisina», in As Relações de Fronteira no Século de Alcanices, Porto, 1998; As Representações da Mulher na Cronística Medieval Portuguesa, Patrimónia Histórica, Cascais, 2000, (tese de mestrado); «A imagem da mulher nas crónicas medievais», in Faces de Eva, Edições Colibri, Lisboa, 2001; «O corpo infantil nos tratados médicos Hispano-Árabes», in O Corpo e o Gesto na Civilização Medieval, Edições Colibri, Lisboa, 2006; A Criança na Sociedade Medieval Portuguesa, Teorema, Lisboa, 2007, (tese de doutoramento); "A criança", in História da Vida Privada em Portugal - A Idade Média, Círculo de Leitores, Lisboa, 2010 e "A mulher", na mesma obra, em co-autoria; "Inês de Castro, uma vida em verso" até ao fim do Mundo", in Pedro e Inês - O Futuro do Passado, Associação dos Amigos de D. Pedro e D. Inês, Coimbra, 2013; "Philippa of Lancaster: The Memory of a Model Queen", in Queenship in the Mediterranean, International Conference "Kings and Queens: Power, Politics, Patronage and Personalities", Palgrave Macmillan, United States, 2013; "A criança medieval: um ser inferior, indesejado e perturbador. Mito ou História?", in Representações do Mito na História e na Literatura, Universidade de Évora, 2014. Em 2010 editou a obra Rainhas Medievais de Portugal, pela Esfera dos Livros.



JOSÉ AUGUSTO DE SOTTO MAYOR PIZARRO nasceu no Porto, a 14 de Abril de 1958. Doutor em História Medieval pela Universidade do Porto (1998), especializou-se em História da Nobreza Portuguesa, e das Relações Diplomáticas Peninsulares na Idade Média. Professor Associado, com Agregação, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é responsável pelas cadeiras de História Política na Época Medieval, História Medieval Peninsular e Genealogia e Heráldica, e de um seminário de pós-graduação sobre Nobreza Medieval Portuguesa. Entre 1999 e 2002 foi responsável pela Cátedra Sánchez Albornoz de História Medieval de Espanha, sedeada na Faculdade de Letras do Porto ao abrigo de um protocolo de colaboração com a Universidade Autónoma de Madrid.

MANUEL SÍLVIO CONDE é Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1982) e Mestre em História Medieval, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1988) e Doutorado em História, pela Universidade dos Açores (1997). Realizou estudos de pós-doutoramento, com o projecto Para uma história da cultura material: a casa comum do Ocidente peninsular nos finais da Idade Média na Universidade de Santiago de Compostela (2002) e fez provas de Agregação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2004). Actualmente, é Professor Auxiliar com Agregação do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores e Investigador Integrado do Instituto de Estudos Medievais (IEM-FCSH/UNL) do Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa (CEH) e Investigador Associado do CITCEM da Universidade do Porto. Foi ainda director da Media aetas: revista de estudos medievais (1999-2005). Tem como principais áreas de investigação a História Social e Económica Medieval e a História Urbana e Regional dos séculos XII-XV.


MARIA DE LURDES ROSA nasceu em Lisboa, a 16 de Julho de 1965. Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1987), mestre (1993) e doutora (2005) em História Medieval pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) e pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde é, desde 1996, professora auxiliar com agregação do Departamento de História. Em 2018, recebeu uma Consolidator Grant na área da História atribuída pelo European Research Council (ERC), para o projecto VINCULUM. Entailing Perpetuity: Family, Power, Identity. The Social Agency of a Corporate Body (Southern Europe, 14th-17th Centuries), no valor de 1,6 milhões de euros. Foi assistente convidada da Universidade Católica na Faculdade de Ciências Humanas e na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais (1992-1993) e coordenadora do projecto de organização do Arquivo da Diocese de Cochim (Índia), Fundação Calouste Gulbenkian/ Universidade Católica (1993-1995). É investigadora do Instituto de Estudos Medievais da FCSH, membro do Conselho Científico da revista Práticas da História (2014-) e da Comissão Científica do projecto Portugaliae Monumenta Misericordiarum (CEHR da UCP/ União das Misericórdias Portuguesas) e membro do Programa inter-universitário Archives de famille en péninsule ibérique (fin du XIIIe siècle - début du XVIIe siècle) (2013-2015) (Casa de Velázquez/ Université de Pau et des Pays de l’Adour, Universidade Nova de Lisboa, Universidad del País Vasco, Universidad Pública de Navarra). Foi ainda responsável pelo projecto de investigação Reconstructing noble family archives, remaking family histories (Medieval and Early modern Portugal). Recovered voices, newfound questions”, sediado na School of Historical Studies, em Princeton (2015). Tendo-se especializado no domínio da cultura medieval, a maior parte da sua investigação incide sobre a problemática da santidade e das hagiografias, da religiosidade dos leigos e devoções, e das práticas religiosas nos períodos medieval e moderno em Portugal. Em 2008, recebeu o Prémio Oliveira Marques da Society for Spanish and Portuguese Historical Studies.